domingo, 28 de abril de 2019


“Recordar repetir e elaborar”
Maricotinha - A Pensadora

Inspiro-me no legado freudiano (1904) para pensar sobre o momento atual que vivemos nesta civilização brasileira. Pensamentos e recordações não tão positivas de como nos construímos como uma nação, um país independente, nos entender repetindo velhas práticas, porém ainda com poucas elaborações que nos projetam para um presente ou futuro diferente. Recordar, repetir e elaborar é um movimento de retornar à origem e arqueologia de nossos sintomas para reinventar um novo futuro.

O Brasil já foi colônia, estados unidos e em tempos de república federativa, mesmo após 500 anos de colonização e profundas marcas de exploração e escravidão, ainda repetimos esse doloroso legado em nosso país.

Não éramos e nem somos uma terra arrasada, mas sim rara, rica. Já nos exploraram o pau brasil, ouro, as pedras preciosas  - que o digam as Minas Gerais, a Chapada Diamantina, - a cana de açúcar e outras tantas riquezas naturais amazônicas, nordestinas e de tantos cantos mais, sem falar da força de nosso povo, de nossas raízes. Hoje nos exploram ou explorarão: o pré-sal, o urânio, a capitalização de previdência, a EMBRAER, os aeroportos, a ELETROBRAS, etc, etc.

Antes escravos-grilhões de ferro no corpo, na alma, na fé.
Hoje o mesmo ferro prende as nossas mãos, mas insistimos em nos sentir livres... traços da reforma trabalhista, da previdência social nos aproximam desse passado cronologicamente tão distante, e nos aprisiona novamente para produzir mais riqueza a ser explorada, exportada e gozada por alguns.

Ainda dependemos de outros exploradores, a concentração de riqueza em nosso país ainda é dolorosa, tal como foram as chicotadas ao sol e ao tronco, nas costas de muitos fortes que sustentaram e sustentam o nosso país.

Até quando teremos que vender a poucos cruzeiros ou reais, a nossa força de trabalho para sustentar “o rei”, ou “os mitos”?
“Que que há meu país? Que que há?”

Estamos repetindo nossos erros, nossas falhas. O nosso jeitinho brasileiro não tem sido capaz de dar novos significados à vidas de milhares de pessoas, que ainda vivem à margem da dita sociedade, ou ainda invisíveis aos nosso passos, olhos, planejamentos, orçamentos e ações.

Rum! O que realmente me assusta nesses fatos é a estabilidade da concentração de renda brasileira. E como esvaziamento do orçamento social do país seremos pobres cada vez mais pobres. Menos investimento na saúde e educação, reduz o nosso acesso à direitos básicos. Assistência Social vamos esquecer, morrerá por inanição.

Menos filosofia e sociologia, “quem quiser fazer, pague”! Menos matas e florestas, “o Brasil não foi o país do mundo que mais desmatou”, “é o mundo que tá contra o agronegócio do Brasil”.

E menos participação social na gestão pública, extinção dos conselhos, comissões etc. Quem sabe abrem um novo plebiscito, na verdade nem precisa! Já foi instalado um novo regime de governo no país, aliás um velho, a velha ditadura militar, porque “ele” não nasceu para ser presidente…

O que ainda precisamos repetir para entender que esse modelinho retrógrado não desenvolve o país?

O “passo decisivo” em direção à civilização reside na substituição do poder do indivíduo pelo da comunidade. Há um certo laço com o conceito da Democracia, em que o povo exerce a soberania no processo de gestão dessa relação coletiva. Mas em tempos de golpes, decisões unilaterais e manobradas pelos interesses de uma elite atrasada, me faz concluir outro pensamento: “a democracia no Brasil ainda não se fez”!

Sim! Pois não há democracia se não forem assegurados a todos os cidadãos os direitos à renda, o convívio social, à educação, à saúde, à habitação, ao trabalho, à cultura, ao lazer, à comida com quantidade e qualidade, à subsistência humana.

Se acertar o passo depende do poder coletivo precisamos superar as diferenças que nos separam, nos individualizam, nos impõe competição, para nos organizarmos em uma força comum. E nos libertar de verdade!

“Independência ou morte”!

Temos que mudar a estação, anunciar a primavera nos dentes, pois
“Quem tem consciência para ter coragem
Quem tem a força de saber que existe
(...) no centro da própria engrenagem
Inventa a contra mola que resiste!"

Quem sabe a resistência seja capaz de (re)construir um novo futuro.
E quem sabe assim teremos um novo Brasil, pois seremos um novo povo!







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