terça-feira, 16 de julho de 2019


Admirável disparada
- Maricota: A Pensadora -


Vinda do sertão baiano, já vi foi coisa...nas perspectivas: pueril, racional, romanceada e tudo mais. Já vi seca, já vi menino na porta de casa na hora do almoço dizendo que “qualquer coisa serve” para matar sua fome. Já vi gente de bem sendo assassinado e gente do mal ficando impune. Já tive vergonha de minha pele, porque em terra embranquecida, “nego” não tinha vez. Porém, não tive infância sofrida, graças aos esforços de meus pais, pois diz a minha mãe que na sua época “não tinha governo”. Era a verdadeira meritocracia e sorte.

Ouço e rememoro tudo pensando como tudo poderia ser diferente. Maricota gosta é de pensar em outras realidades possíveis, pois o mundo é relativo e o ponto de vista de quem vem dominando ainda é de explorar e concentrar. Tudo deles e pouco da gente!

Enquanto escrevo ouço a “Disparada” no desejo de “viver pra consertar”. Pois eu penso em renovar o homem – a raça humana, e como Manoel de Barros, eu gostaria de começar “usando borboletas”. Coisa de ver a beleza na transformação, mesmo com tanto aperto dos casulos. Porque por agora está dureza. Agora está vida de Gado e “gado a gente marca, tange, ferra engorda e mata, mas com gente é diferente”.

Mas gente continua seguindo uma boiada desgarrada, às vezes servo do leiteiro, às vezes perdido para o açougueiro. De abate em abate, gente continua nas armadilhas das chicotadas.

Eu já vejo, faz tempo, “que toda essa engrenagem já sente a ferrugem lhe comer”, mas a gente ainda insiste em andar com “passos de formiga e sem vontade”. Se povo é massa e sustenta uma base forte de uma pirâmide e se esse povo se une, povo derruba o vaqueiro e o dono do gado. Divide o pasto entre a boiada e vai viver como povo feliz.

O tempo não nos pode ser confortável, não podemos continuar cultivando o medo. Povo feliz é o povo sem medo. É povo cheio de coragem, sonhando com novos tempos, tempo com governo, tempo de riquezas. Mas é sonho fora desta cela.

Eu tenho um sonho: de ver este “velho mundo” se acabar...mas isso só vai mudar quando a gente em disparada se voltar para lutar.

Vamos forte! Vamos fugir da ignorância, pois já deu de viver tão dentro dela.


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